Ao nível da estrutura, as
estrofes situam-se no canto V de Os Lusíadas e no que se refere à estrutura
interna situa-se na narração, quando as naus estão em Melinde e Vasco da Gama
conta ao rei Mouro, em analepse, as viagens de Lisboa até Melinde. Neste caso
especifico, o Gama relata os perigos de viagem, mais concretamente o
fogo-se-Santelmo e a tromba marítima.
Trata-se de uma descrição dinâmica dos fenómenos onde sobressai recursos estilísticos como o pleonasmo como reforço do saber empírico, adjectivação expressiva ( "vivo", "esquivo", "escura", "triste"), verbos expressivos que conduzem á sensação visual como, por exemplo, enche, alarga, surver.
A descrição dos
fenómenos, em especial da tromba marítima é tão pormenorizada que permite
construir uma imagem visual da mesma (estr. 19 e 20) - Registe-se o destaque
para o verbo ver que denota certeza, realismo e verdade; entrelaçam-se nestas
estrofes 2 tipos de saberes: o saber empírico ( possuído pelos marinheiros e
resultante da sua experiência e da observação directa de fenómenos) e o saber
cientifico ( pertence aos sábios, um saber teórico, mais incompleto e menos
real).
Camões foi um humanista,
conhecedor de toda a cultura greco-latina e, paralelamente de todo o
conhecimento cientifico, soube entrelaça usando a sua experiência de viajante
por mar, o conhecimento empírico, através do qual é possível descrever
minuciosamente os fenómenos observados directamente.
Neste âmbito, o saber
empírico passou a ser valorizado e contribuiu fortemente para o enriquecimento
do saber cientifico
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