quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A acção em "Memorial do Convento"

A acção em Memorial do Convento polariza-se em torno de dois temas:

àConstrução do Convento de Mafra;
àConstrução da passarola.

O 2.º tema aparece, no entanto, como fio condutor de toda a narrativa.
No fundo, nesta obra, não é propriamente a história do Convento de Mafra que se pretende contar, mas a história dos sonhos materializados pela vontade dos homens, que permitem criar um espaço de liberdade e de evasão.

Desta forma a construção do Convento representa a repressão do homem, ao passo que a construção da passarola representa a liberdade (aparece como o símbolo de união entre a terra e o céu). Dito de outra forma...

Contar a história da construção do Convento de Mafra é:

àFalar dos constrangimentos do amor do rei e da rainha, que estão na origem da sua construção;
à Lembrar o trabalho forçado dos trabalhadores que o construíram;
àDenunciar: a vaidade do rei e a prepotência da Igreja; a exploração dos humildes; a instauração de um clima de medo, à custa da ignorância do povo e da injustiça da História, que serve o jogo do poder.

A passarola é a antítese do convento é contar a sua história é lembrar:

àO amor livre de Baltasar e Blimunda;
àO entusiasmo da sua construção;
à A solidariedade entre os seus construtores, que conseguiram aliar a sabedoria do Padre Bartolomeu de Gusmão, a arte de Baltasar e a magia de Blimunda, num ambiente em que cabia também a música de Scarlatti – instrumento de transfiguração do real, tal como a máquina voadora mobilizada por uma carga imaterial: as “vontades” dos Homens, recolhidas por Blimunda.

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