O modernismo na literatura foi praticado por duas
gerações de intelectuais ligados a duas publicações literárias: um primeiro
modernismo surgido em 1915, em torno da revista Orpheu; um segundo modernismo
organizado em 1927, em torno da revista Presença.
Ainda
antes destas, surgiram em Portugal revistas que propunham diferentes soluções
estéticas e políticas para recuperar o atraso português a este nível, como a
Nação Portuguesa, de feição conservadora, e a Seara Nova, de tendências mais
progressistas e democráticas. Nesta revista colaboraram investigadores como o
historiador Jaime Cortesão, António Sérgio e os escritores Aquilino Ribeiro e
Raul Brandão
Revista Orpheu (Orphismo)
Os únicos dois números de Orpheu - Revista
Trimestral de Literatura, lançados em Março e Junho de 1915, marcaram a
introdução do modernismo em Portugal.
Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-Carneiro, Almada
Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros intelectuais de menor vulto,
subordinados às novas formas e aos novos temas, publicaram os seus primeiros
poemas de intervenção na contestação da velha ordem literária; o primeiro
número provocou o escândalo e a troça dos críticos, conforme era desejo dos
autores; o segundo número, que já incluiu também pinturas futuristas de Santa-Rita
Pintor, suscitou as mesmas reacções.
Perante o insucesso financeiro, a revista teve de
fechar portas, pois quem custeava as publicações era o pai de Mário de Sá
Carneiro e este cometeu suicídio em 1916. No entanto, não se desfez o movimento
organizado em torno da publicação. Pelo contrário, reforçou-se com a adesão de
novos criadores e passou a desenvolver intensa actividade na denúncia inconformista
da crise de consciência intelectual disfarçada pela mediocridade académica e
provinciana da produção literária instalada na cultura portuguesa desde o fim
da geração de 70, de que Júlio Dantas (alvo do Manifesto Anti-Dantas, de
Almada) constituía um bom exemplo.
Revista Presença
(Presencianismo)
A revista Presença - Folha de Arte e Crítica, foi fundada em 1927, em Coimbra, por Branquinho da
Fonseca, João Gaspar
Simões e José Régio.
Não obstante ter passado tempos difíceis, não só financeira como
intelectualmente, foi publicada até 1940. O movimento que surgiu em torno desta
publicação inseriu-se intelectualmente na linha de pensamento e intervenção
iniciada com o movimento Orpheu, que acabou por integrar.
Continuou a luta pela
crítica livre contra o academismo literário e, inspirados na psicanálise de Freud, os seus intelectuais bateram-se
pelo primado do individual sobre o colectivo, do psicológico sobre o social, da
intuição sobre a razão. Além da produção nacional, a presença divulgou também
textos de escritores europeus, sobretudo franceses. Alguns dos escritores deste
segundo Modernismo foram: Miguel Torga, Adolfo Casais Monteiro, Aquilino
Ribeiro, Ferreira de Castro, Vitorino Nemésio, Pedro Homem de Mello, Tomás de
Figueiredo e Eça Leal.
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