quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Personalidades historicas em "Felizmente Há Luar!" - Tempo da História

Marechal Beresford
Beresford frequentou a academia militar de Estrasburgo e em Agosto de 1785 foi aceite como cadete no 6º Regimento de Infantaria. Em 1793 era capitão, servindo com a Frota britânica do Mediterrâneo, tendo-se notabilizado na ocupação da Córsega. Em 1794 era tenente-coronel, servindo na Índia a partir de 1799. Em 1801 participou na campanha do Egito, comandando o seu regimento que pertencia ao contingente enviado da Índia.
Em 1806, participou, com o posto de Brigadeiro, na captura do Cabo da Boa Esperança, e mais tarde, em 27 de Julho, ocupou a cidade de Buenos Aires. O levantamento da população da colónia espanhola em Agosto obrigou-o à capitulação, tendo sido feito prisioneiro. Conseguiu fugir seis meses mais tarde, regressando a Inglaterra. Em finais de 1807, devido à invasão de Portugal pelo exército de Junot, ocupou a ilha da Madeira, sendo promovido a Major-General em Abril de 1808. Foi transferido para o exército que desembarcou em Portugal em Agosto desse ano, chegando a Lisboa, já liberta da ocupação francesa, em Setembro. Mais tarde, comandou uma Brigada do Exército britânico que, sob o comando de John Moore, foi enviado para Espanha, tendo participado na Batalha da Corunha.
Escolhido pelo governo britânico para comandar o Exército português, é-lhe atribuído o posto de Marechal do Exército. A sua missão, ao contrário do que se afirma, não foi tanto a de reorganizar o exército, mas sim a de compatibilizar a organização e a tática existentes no exército português com a britânica, permitindo uma atuação conjunta no campo de batalha. É mais tarde que os seus poderes serão alargados, por meio da Carta Régia de 18. , que lhe permitirá propor mudanças na estrutura do exército, assim como das Milícias e das Ordenanças, sem que estas tenham de passar pelo Conselho de Regência, e pelo crivo de D. Miguel Pereira Forjaz.
General com poucas qualidades para o comando em campanha, as suas falhas neste aspecto são conhecidas, sobretudo o seu incompetente posicionamento das forças aliadas na preparação da Batalha de Albuera em 1811; batalha que ganhou devido à iniciativa individual dos seus subordinados. Mas já durante a campanha de 1809 contra Soult tinha mostrado dificuldade em tirar partido de uma situação favorável, ao não apoiar convenientemente o general Silveira, na luta que este travava contra o exército de Soult em retirada. Depois de Albuera, nunca mais terá um comando independente, só voltando a dirigir tropas em 1814, durante a invasão do sul de França, mas sempre sob o comando direto e preocupado de Wellington.
Com o fim da guerra em 1814 mantêm-se no comando do Exército português. Devido ao regresso de Napoleão a França em 1815, tenta organizar uma força expedicionária para se reunir ao exército britânico nos Países Baixos, que se preparava para invadir a França, não conseguindo os seus intentos devido à oposição da Regência. Viaja para o Brasil onde consegue do Rei poderes mais alargados, sendo feito Marechal-General. Devido à Revolução de 1820, é demitido das suas funções, não lhe sendo permitido desembarcar em Portugal, quando chegou a Lisboa em Outubro vindo do Brasil.
Regressou a Portugal em 1826, mas a sua pretensão de regressar ao comando do Exército não foi aceite.  Foi membro do primeiro governo de Wellington, de 1828 a 1830, com um título equivalente em Portugal ao posto militar de Diretor do Arsenal.

Gomes Freire de Andrade
 Filho de Ambrósio Freire de Andrade, embaixador de Portugal em Viena, Gomes Freire de Andrade, nascido em 27 de Janeiro de 1757, regressou a Portugal, pela mão do embaixador de Portugal em Viena, o conde de Oyenhausen e de sua mulher, D. Leonor de Almeida Portugal, a célebre poetisa, que ficará conhecida como marquesa de Alorna. Este regresso foi apoiado em Portugal pelo duque de Lafões, entretanto regressado a Portugal, que tinha conhecido bem o pai, quando da sua prolongada estadia na capital austríaca.
Regressou a Lisboa em Setembro, promovido a tenente do mar da Armada Real, e em Abril de 1788 voltou ao antigo regimento no posto de sargento-mor. Tendo alcançado licença para servir no exército de Catarina II, em guerra contra a Turquia, partiu para a Rússia. Em São Petersburgo conquistou as maiores simpatias na corte e da própria imperatriz. Na campanha de 1788-1789, comandada pelo príncipe Potemkin, distinguiu-se nas planícies do rio Danúbio, na Guerra da Criméia e, sobretudo, no cerco de Oczakow, alegadamente o primeiro a entrar na frente do regimento quando a praça se rendeu em 17 de outubro de 1788, depois de cerco prolongado. Na hora das condecorações esqueceram-se dele, negando-lhe a Comenda de São Jorge. Contudo, Gomes Freire protestou, pediu atestados de heroísmo ao coronel Markoff, e a imperatriz condescende, atribuindo-lhe o posto de coronel do seu exército que, em 1790, lhe foi confirmado no exército português, mesmo ausente.
Depois, na esquadra do príncipe de Nassau, salvou-se milagrosamente durante a batalha naval de Schwensk, quando os canhões suecos afundaram a "bateria flutuante" que ele comandava. Perdeu-se toda a tripulação, mas Gomes Freire conseguiu salvar-se, acabando por receber o hábito de São Jorge, uma das Ordens mais importantes da Rússia, não das mãos da imperatriz, como se tem dito, mas sim do príncipe de Nassau, em nome da imperatriz. Houve rumores de simpatia e entusiasmo da czarina por Freire de Andrade, aparentemente confirmado pelas desinteligências entre ele e o príncipe de Potemkin, favorito conhecido.
Voltou a Lisboa, nomeado coronel do regimento do marquês das Minas, prestes a embarcar para a Catalunha, na divisão que Portugal enviava auxiliar a Espanha contra a República francesa e a que chegou em 11 de Novembro de 1793, seguindo por terra.
Em Arles, acampou em quartéis de inverno o seu Regimento e o de Cascais, que constituíam a 2ª Brigada, comandada por ele. Segundo Latino Coelho, começa aí a evidenciar-se o espírito indisciplinado e irrequieto de Gomes Freire; desordeiro e intrigante, "o ânimo altivo do coronel, avesso, como era a toda a sujeição, difundia na divisão auxiliar o fermento da indisciplina".
Mas, apesar das vitórias do exército hispano-português sobre os republicanos da Convenção, a guerra do Roussillon ia-se tornar numa armadilha: os espanhóis tinham 18 mil feridos em hospitais e os portugueses mil homens fora de combate, enquanto os franceses recebiam constantes reforços. Em 29 de Abril de 1794, o general Dugommier atacou a esquerda do exército espanhol, composta de corpos da divisão portuguesa, que sustentou o fogo do romper da manhã às 14 h, salvando o exército espanhol.
Regressado a Portugal, veio a integrar a "Legião Portuguesa" criada por Junot e que, sob o comando do marquês de Alorna, partiu para França em Abril de 1808, onde foi recebida por Napoleão Bonaparte no dia 1º de Junho. Participou na campanha da Rússia.
Acabou enforcado em frente da fortaleza de São Julião da Barra, em 18 de Outubro de 1817, após a descoberta de uma conspiração contra a regência, em que pontificava o seu primo Miguel Pereira Forjaz, a quem se tinha sempre oposto, do Rossilhão a 1808, e com quem tinha convivido desde os quartéis do regimento de Peniche. Durante a República o dia da sua morte foi feriado nacional.

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