Matilde
de Sousa: companheira de todas as horas de Gomes Freire, é ela
que dá voz à injustiça sofrida pelo seu homem. As suas falas, imbuídas de dor e
revolta, constituem também uma denúncia da falsidade e da hipocrisia do Estado
e da Igreja. Todas as tiradas de Matilde revelam uma clara lucidez e uma
verdadeira coragem na análise que faz de toda a teia que envolve a prisão e
condenação de Gomes Freire. No entanto, a consciência da inevitabilidade do
martírio do seu homem arrasta-a para um delírio final em que, envergando a saia
verde que o general lhe oferecera em Paris, Matilde dialoga com Gomes Freire
vivendo momentos de alucinação intensa e dramática. Estes momentos finais, pelo
carácter surreal que transmitem, são também a denúncia do absurdo a que a
intolerância e a violência dos homens conduzem.
Sousa Falcão: inseparável
amigo, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias que Gomes Freire, mas
não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade; é o único
amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos
amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos
difíceis.
Manuel, Rita: símbolos do
povo oprimido e esmagado, têm consciência da injustiça em que vivem, sabem que
são simples joguetes nas mãos dos poderosos, mas sentem-se impotentes para
alterar a situação. Vêem em Gomes Freire uma espécie de Messias e daí, talvez,
a sua agressividade em relação a Matilde, após a prisão do general, quando ela
lhes pede que se revoltem e que a ajudem a libertar o seu homem. A prisão de
Gomes Freire é uma espécie de traição à esperança que o povo nele depositava.
Podem também simbolizar a desesperança, a desilusão, a frustração de toda uma
legião de miseráveis face à quase impossibilidade de mudança da situação
opressiva em que vivem.
Antigo Soldado, Populares: Personagens colectivas que
representam o analfabetismo e a miséria. Escravizado pela ignorância não tem
liberdade. Desconfiam dos poderosos mas são impotentes face à situação do país
(não há eleições livres, etc.)
Sem comentários:
Enviar um comentário