terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Caracterização dos Personagens em "Felizmente Há Luar!" - O Povo


Matilde de Sousa: companheira de todas as horas de Gomes Freire, é ela que dá voz à injustiça sofrida pelo seu homem. As suas falas, imbuídas de dor e revolta, constituem também uma denúncia da falsidade e da hipocrisia do Estado e da Igreja. Todas as tiradas de Matilde revelam uma clara lucidez e uma verdadeira coragem na análise que faz de toda a teia que envolve a prisão e condenação de Gomes Freire. No entanto, a consciência da inevitabilidade do martírio do seu homem arrasta-a para um delírio final em que, envergando a saia verde que o general lhe oferecera em Paris, Matilde dialoga com Gomes Freire vivendo momentos de alucinação intensa e dramática. Estes momentos finais, pelo carácter surreal que transmitem, são também a denúncia do absurdo a que a intolerância e a violência dos homens conduzem.
 
Sousa Falcão: inseparável amigo, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias que Gomes Freire, mas não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade; é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.
 
 
Manuel, Rita: símbolos do povo oprimido e esmagado, têm consciência da injustiça em que vivem, sabem que são simples joguetes nas mãos dos poderosos, mas sentem-se impotentes para alterar a situação. Vêem em Gomes Freire uma espécie de Messias e daí, talvez, a sua agressividade em relação a Matilde, após a prisão do general, quando ela lhes pede que se revoltem e que a ajudem a libertar o seu homem. A prisão de Gomes Freire é uma espécie de traição à esperança que o povo nele depositava. Podem também simbolizar a desesperança, a desilusão, a frustração de toda uma legião de miseráveis face à quase impossibilidade de mudança da situação opressiva em que vivem.
Antigo Soldado, Populares: Personagens colectivas que representam o analfabetismo e a miséria. Escravizado pela ignorância não tem liberdade. Desconfiam dos poderosos mas são impotentes face à situação do país (não há eleições livres, etc.)

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