terça-feira, 9 de outubro de 2012

"As Cousas do Mar"


Ao nível da estrutura, as estrofes situam-se no canto V de Os Lusíadas e no que se refere à estrutura interna situa-se na narração, quando as naus estão em Melinde e Vasco da Gama conta ao rei Mouro, em analepse, as viagens de Lisboa até Melinde. Neste caso especifico, o Gama relata os perigos de viagem, mais concretamente o fogo-se-Santelmo e a tromba marítima.


Trata-se de uma descrição dinâmica dos fenómenos onde sobressai recursos estilísticos como o pleonasmo como reforço do saber empírico, adjectivação expressiva ( "vivo", "esquivo", "escura", "triste"), verbos expressivos que conduzem á sensação visual como, por exemplo, enche, alarga, surver.

A descrição dos fenómenos, em especial da tromba marítima é tão pormenorizada que permite construir uma imagem visual da mesma (estr. 19 e 20) - Registe-se o destaque para o verbo ver que denota certeza, realismo e verdade; entrelaçam-se nestas estrofes 2 tipos de saberes: o saber empírico ( possuído pelos marinheiros e resultante da sua experiência e da observação directa de fenómenos) e o saber cientifico ( pertence aos sábios, um saber teórico, mais incompleto e menos real).

Camões foi um humanista, conhecedor de toda a cultura greco-latina e, paralelamente de todo o conhecimento cientifico, soube entrelaça usando a sua experiência de viajante por mar, o conhecimento empírico, através do qual é possível descrever minuciosamente os fenómenos observados directamente.

Neste âmbito, o saber empírico passou a ser valorizado e contribuiu fortemente para o enriquecimento do saber cientifico

Sem comentários:

Enviar um comentário