quarta-feira, 21 de março de 2012

Caracterização dos personagens em "Os Maias" parte 2

Personagens Secundários


João da Ega

Caracterização Física

Ega usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço esganiçado, punhos tísicos, pernas de cegonha". Era o autêntico retrato de Eça.

Caracterização Psicológica

João da Ega é a projecção literária de Eça de Queirós. É uma personagem contraditória. Por um lado, romântico e sentimental, por outro, progressista e crítico, sarcástico do Portugal Constitucional. Era o Mefistófeles de Celorico. Amigo íntimo de Carlos desde os tempos de Coimbra, onde se formara em Direito (muito lentamente). A mãe era uma rica viúva e beata que vivia ao pé de Celorico de Bastos, com a filha.

Boémio, excêntrico, exagerado, caricatural, anarquista sem Deus e sem moral. É leal com os amigos. Sofre também de diletantismo, concebe grandes projectos literários que nunca chega a executar. Terminado o curso, vem viver para Lisboa e torna-se amigo inseparável de Carlos. Como Carlos, também ele teve a sua grande paixão - Raquel Cohen.            

Ega, um falhado, corrompido pela sociedade, encarna a figura defensora dos valores da escola realista por oposição à romântica. Na prática, revela-se em eterno romântico. Nos últimos capítulos ocupa um papel de grande relevo no desenrolar da intriga. É a ele que o Sr. Guimarães entrega o cofre. É juntamente com ele, que Carlos revela a verdade a Afonso. É ele que diz a verdade a Maria Eduarda e a acompanha quando esta parte para Paris definitivamente.





Conde de Gouvarinho

Caracterização Física

Era ministro e par do Reino. Tinha um bigode encerado e uma pêra curta.

Caracterização Psicológica

Era voltado para o passado. Tem lapsos de memória e revela uma enorme falta de cultura. Não compreende a ironia sarcástica de Ega. Representa a incompetência do poder político (principalmente dos altos cargos).

Fala de um modo depreciativo das mulheres. Revelar-se-á, mais tarde, um bruto com a sua mulher.





Condessa de Gouvarinho

Caracterização Física

Cabelos crespos e ruivos, nariz petulante, olhos escuros e brilhantes, bem-feita, pele clara, fina e doce; é casada com o conde de Gouvarinho e é filha de um comerciante inglês do Porto.

Caracterização Psicológica                        

É imoral e sem escrúpulos. Traí o marido, com Carlos, sem qualquer tipo de remorsos. Questões de dinheiro e a mediocridade do conde fazem com que o casal se desentenda.

Envolve-se com Carlos e revela-se apaixonada e impetuosa. Carlos deixa-a, acaba por perceber que ela é uma mulher sem qualquer interesse, demasiado fútil.
















Dâmaso Salcede

Caracterização Física

Era baixo, gordo, "frisado como um noivo de província". Era sobrinho de Guimarães. A ele e ao tio se devem, respectivamente, o início e o fim dos amores de Carlos com Maria Eduarda.

Caracterização Psicológica

Dâmaso é uma súmula de defeitos. Filho de um agiota, é presumido, cobarde e sem dignidade. É dele a carta anónima enviada a Castro Gomes, que revela o envolvimento de Maria Eduarda com Carlos. É dele também, a notícia contra Carlos n' A Corneta do Diabo. Mesquinho e convencido, provinciano e tacanho, tem uma única preocupação na vida o "chic a valer".

Representa o novo riquismo e os vícios da Lisboa da segunda metade do séc. XIX. O seu carácter é tão baixo, que se retracta, a si próprio, como um bêbado, só para evitar bater-se em duelo com Carlos.                                                      






Sr. Guimarães
Caracterização Física
           

Usava largas barbas e um grande chapéu de abas à moda de 1830.

Caracterização Psicológica

Conheceu a mãe de Maria Eduarda, que lhe confiou um cofre contendo documentos que identificavam a filha. Guimarães é, portanto, o mensageiro da trágica verdade que destruirá a felicidade de Carlos e de Maria Eduarda.           

 

Alencar
Caracterização Física
Tomás de Alencar era "muito alto, com uma face escaveirada, olhos encovados, e sob o nariz aquilino, longos, espessos, românticos bigodes grisalhos".
Caracterização Psicológica
Era calvo, em toda a sua pessoa "havia alguma coisa de antiquado, de artificial e de lúgubre". Simboliza o romantismo piegas. O paladino da moral. Era também o companheiro e amigo de Pedro da Maia. Eça serve-se desta personagens para construir discussões de escola, entre naturalistas e românticos, numa versão caricatural da Questão Coimbrã. Não tem defeitos e possui um coração grande e generoso.
É o poeta do ultra-romantismo.


Cruges

Caracterização Física
"De grenha crespa que lhe ondulava até à gola do jaquetão", "olhinhos piscos" e nariz espetado.
Caracterização Psicológica
Maestro e pianista patético, era amigo de Carlos e íntimo do Ramalhete. Era demasiado chegado à sua velha mãe. Segundo Eça, "um diabo adoidado, maestro, pianista com uma pontinha de génio".
É desmotivado devido ao meio lisboeta - "Se eu fizesse uma boa ópera, quem é que ma representava".
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Craft

É uma personagem com pouca importância para o desenrolar da acção, mas que representa a formação britânica, o protótipo do que deve ser um homem.                                            
Defende a arte pela arte, a arte como idealização do que há de melhor na natureza.         
É culto e forte, de hábitos rígidos, "sentindo finamente, pensando com rectidão". Inglês rico e boémio, coleccionador de "bric-a-brac".


Eusebiozinho
Eusebiozinho representa a educação retrógrada portuguesa.
Também conhecido por Silveirinha, era o primogénito de uma das Silveiras - senhoras ricas e beatas. Amigo de infância de Carlos com quem brincava em Santa Olávia, levando pancada continuamente, e com quem contrastava na educação.
Cresceu tísico, molengão, tristonho e corrupto. Casou-se, mas enviuvou cedo. Procurava, para se distrair, bordéis ou aventureiras de ocasião pagas à hora.






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