quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Paralelismo entre Tempo da História e Tempo da Escrita em "Felizmente Há Luar!"

A ação de Felizmente Há Luar! passa-se nos primeiros anos do séc. XIX, no início das lutas liberais, e serve de pretexto, a Sttau Monteiro, para denunciar o presente (em que viveu) através da metáfora do passado. Escrita em 1961, no contexto social e político do Estado Novo, esta obra pretende retratar um período de opressão, ao mesmo tempo que nos cultiva, permitindo-nos o conhecimento da história do país para os problemas de um sistema repressivo.
A ditadura que se vivia no início do séc. XIX e os consequentes mecanismos de denúncia e traição, permitiram a Sttau Monteiro comparar este período com o da ditadura de Salazar. Evocando personagens do passado, usou-as como pretexto para explicar o presente em que se vivia. Ambos os períodos ficaram marcados pelas perseguições, levadas a cabo pela Junta de Regência (séc. XIX) e pela PIDE (séc. XX) e pela consequente tirania, opressão, censura, miséria, medo, agitação social e obscurantismo, mas a crença na mudança, essa, estava sempre presente (porque “Felizmente há luar!”), o que levou à revolta liberal de 1820, no tempo da História e à Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974, no tempo da escrita.
No início do séc. XIX, Portugal vivia o descontentamento do povo, motivado não só pela ausência da corte, mas também pelas dificuldades acrescidas advindas da guerra. A passividade, a opressão e o clima de suspeição que se sentia, contribuíram para a vontade de mudar, procurando um líder capaz de modificar os acontecimentos.
Esse líder era Gomes Freire de Andrade, idolatrado pelo povo e respeitado pelos amigos e companheiros, mas perseguido pelo Governo. Mortos pela Junta de Regência, os conspiradores e traidores do Governo (como é exemplo Gomes Freire), foram os grandes heróis de que o povo necessitava.
Podemos concluir que a morte de Gomes Freire, sem provas que o incriminassem, fomentou a chegada do Liberalismo, que se iniciou no dia 24 de Agosto de 1820, na cidade do Porto, com levantamento popular liderado pelo Manuel Fernando Tomás. Por outro lado, as lutas contra o regime ditatorial salazarista e a morte do General Humberto Delgado possibilitaram a democracia, após a revolução do 25 de abril.

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