quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Biografia de Eça de Queirós - Módulo 8

José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa do Varzim em 25 de Novembro de 1845. Curiosamente (e escandalosamente para aquela época), foi registado como filho de José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós e de mãe ilegítima.

O seu nascimento foi fruto de uma relação ilegítima entre D. Carolina Augusta Pereira de Eça e do então delegado da comarca José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós. D. Carolina Augusta fugiu de casa para que a sua criança nascesse afastada do escândalo da ilegitimidade.

O pequeno Eça foi levado para casa de sua madrinha, em Vila do Conde, onde permaneceu até aos quatro anos. Em 1849, os pais do escritor legitimaram a sua situação, contraindo matrimónio. Eça foi então levado para casa dos seus avós paternos, em Aveiro, onde permaneceu até aos dez anos. Só então se juntou aos seus pais, vivendo com eles no Porto, onde efectuou os seus estudos secundários.

Em 1861, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Aqui, juntou-se ao famoso grupo académico da Escola de Coimbra que, em 1865, se insurgiu contra o grupo de escritores de Lisboa, a apelidada Escola do Elogio Mútuo.

Esta revolta dos estudantes de Coimbra é considerada como a semente do realismo em Portugal. No entanto, esta foi encabeçada por Antero de Quental e Teófilo Braga contra António Feliciano de Castilho, pelo que, na Questão Coimbra, Eça foi apenas um mero observador.

Terminou o curso em 1866 e fixou-se em Lisboa, exercendo simultaneamente advocacia e jornalismo. Dirigiu o Distrito de Évora e participou na Gazeta de Portugal com folhetins dominicais, que seriam, mais tarde, editados em volumes com o título Prosas Bárbaras.

Em 1869 decidiu assistir à inauguração do Canal do Suez. Viajou pela Palestina e daí recolheu variada informação que usou na sua criação literária, nomeadamente nas obras O Egipto e A Relíquia.

Por influência o seu companheiro e amigo universitário, Antero de Quental, entregou-se ao estudo de Proudhon e aderiu ao grupo do Cenáculo. Em 1870, tomou parte activa nas Conferências do Casino (marca definitiva do início do período realista em Portugal) e iniciou, juntamente com Ramalho Ortigão, a publicação dos folhetins As Farpas.

Decidiu entrar para o Serviço Diplomático e foi Administrador do Concelho em Leiria. Foi na cidade do Lis que elaborou O Crime do Padre Amaro. Em 1873 é nomeado Cônsul em Havana, Cuba. Dois anos mais tarde, foi transferido para Inglaterra, onde residiu até 1878. Foi em terras britânicas que iniciou a escrita d` O Primo Basílio e começou a arquitectar Os Maias, O Mandarim e A Relíquia. De Bristol e Newcastle, onde residia, enviou frequentemente correspondência para jornais portugueses e brasileiros. No entanto, a sua longa estadia em Inglaterra encheu-o de melancolia.

Em 1886, casou com D. Maria Emília de Castro, uma senhora fidalga irmã do Conde de Resende. O seu casamento é também sui generis, pois casou aos 40 com uma senhora de 29.
Em 1888 foi com alegria transferida para o consulado de Paris. Publica Os Maias e chega a publicar na imprensa Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires.

Nos últimos anos, escreveu para a imprensa periódica, fundando e dirigindo a Revista de Portugal. Sempre que vinha a Portugal, reunia em jantares com o grupo dos Vencidos da Vida, os acérrimos defensores do Realismo que sentiram falhar em todos os seus propósitos.
Morreu em Paris em 1900.

- Eça de Queirós

O Realismo - Módulo 8


Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reacção ao Romantismo.
Características do Realismo
Veracidade: demonstra o que ocorre na sociedade sem ocultar ou distorcer os factos.
Contemporaneidade: descreve a realidade, fala sobre o que está a acontecer  de verdade.
Retrato fiel das personagens: carácter, aspectos negativos da natureza humana.
Gosto pelos detalhes: lentidão na narrativa.
Materialismo do amor: a mulher objecto de prazer/adultério.
Denúncia das injustiças sociais: mostra a realidade dos factos.
Determinismo e relação entre causa e efeito: o realista procurava uma explicação lógica para as atitudes das personagens, considerando a soma de factores que justificasse suas acções. Na literatura naturalista, dava-se ênfase ao instinto, ao meio ambiente e à hereditariedade como forças determinantes do comportamento dos indivíduos.
Linguagem próxima à realidade: simples, natural, clara e equilibrada.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Facto Histórico - Batalha de Alcacer Quibir

A Batalha de Alcácer-Quibir conhecida em Marrocos como Batalha dos Três Reis, foi uma grande batalha travada no norte de Marrocos perto da cidade de Ksar-El-Kebir, entre Tânger e Fez, em 4 de Agosto de 1578. Os combatentes foram os portugueses liderados pelo rei D. Sebastião aliados ao exército do sultão Mulay Mohammed (Abu Abdallah Mohammed Saadi II, da dinastia Saadi) contra um grande exército marroquino liderado pelo Sultão de Marrocos Mulei Moluco (Abd Al-Malik da dinastia Saadi) com apoio otomano.

Ficheiro:Lagos46 kopie.jpg



No seu fervor religioso, o rei D. Sebastião planeara uma cruzada após Mulay Mohammed ter solicitado a sua ajuda para recuperar o trono, que seu tio Abd Al-Malik havia tomado. A batalha resultou na derrota portuguesa, com o desaparecimento em combate do rei D. Sebastião e da nata da nobreza portuguesa. Além do rei português morreram na batalha os dois sultões rivais originando o nome "Batalha dos três reis", com que ficou conhecida entre os Marroquinos.


A derrota na batalha de Alcácer-Quibir levou à crise dinástica de 1580 e ao nascimento do mito do Sebastianismo. O reino foi gravemente empobrecido pelos resgates que foi preciso pagar para reaver os cativos. A batalha ditou fim da Dinastia de Avis e do período de expansão iniciado com a vitória na batalha de Aljubarrota. A crise dinástica resultou na perda da independência de Portugal por 60 anos, com a união ibérica sob a dinastia Filipina.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Reflexão sobre " Frei Luis de Sousa "


Em Frei Luís de Sousa, chamou-me particularmente a atenção a personagem Manuel de Sousa Coutinho. Identificamos a integridade da personagem, através  da sua luta pela liberdade e pelo patriotismo. Estas características estão patentes na corajosa  decisão de Manuel de Sousa Coutinho de incendiar a sua própria casa,  para que os governadores espanhóis não façam dela o seu alojamento - de facto, o período filipino que se seguiu à derrota portuguesa na Batalha de Alcácer Quibir espelhava o Portugal conturbado dos anos  vinte e trinta do século XIX, onde as forças absolutistas tentavam  esmagar o grito de liberdade de homens entre os quais se encontrava o  escritor.
 Esta obra possibilita-nos, pois, fazer uma associação entre três momentos: o período do domínio filipino em Portugal (final do século XVI/início do século XVII); o período das lutas entre liberais e absolutistas (século XIX: tempo em que a obra foi escrita); e a atualidade, um período de crise, do qual espero que possamos emergir, através de atitudes de determinação, coragem e patriotismo.




A peça revela o amor que o escritor nutria pela sua pátria e o culto que fazia da liberdade, verdadeiro valor que, segundo ele, permitia a redempção dos povos e o seu percurso em direcção ao progresso, esta apresenta um conteúdo moral: na última cena do drama, uma criança inocente, vítima de uma sociedade dominada por preconceitos desumanos e por ideais efémeros, morre "de vergonha". Garrett, cria que, para educar o seu país, era necessário confrontá-lo com a sua própria realidade, para que, conscientes das suas virtudes e dos seus erros, os portugueses aprendessem a lição que motivaria a sua transformação.




 Na verdade, a dimensão humana ultrapassa as fronteiras nacionais, pois nela encontramos espelhada a relação, sempre actual, entre o homem e a sociedade, numa perspectiva de interacção entre estes dois agentes que criam, afinal, a realidade, sempre relativa, como sabemos, porque susceptível de análises diversas ao longo dos tempos.

Romantismo

O Romantismo foi um movimento cultural que surgiu inicialmente na Grã-Bretanha e na Alemanha, como reacção ao culto da razão do Iluminismo, um pouco mais tarde em França, nos países do sul e na Escandinávia espalhando-se depois por toda a Europa e Estados Unidos da América. É um estado da sensibilidade europeia entre finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX. O seu nome deriva de "romance" (história de aventuras medievais), que tiveram uma grande divulgação no final de setecentos, respondendo ao crescente interesse pelo passado gótico e à nostalgia da Idade Média.
Foi originalmente um movimento de facto revolucionário que adoptou as ideias políticas e filosóficas elaboradas pelo século das Luzes: livre expressão da sensibilidade e afirmação dos direitos do indivíduo. Mas o romantismo, para lá da sua oposição à estética clássica, quer revelar a parte do homem oculta pelas convenções estéticas e sociais.
Muito variada nas suas manifestações, essencialmente ao nível da literatura e das artes plásticas, esta corrente sustentava-se filosoficamente em três pilares: o individualismo – tendência para se libertar de toda a obrigação de solidariedade para pensar só em si, egoísmo –, o subjectivismo – tendência para afirmar a prioridade do subjectivo sobre o objectivo – e a intensidade. Contra a ordem e a rigidez intelectual clássica, os artistas românticos imprimiram maior importância à imaginação, à originalidade e à expressão individual, através das quais poderiam alcançar o sublime e o genial.

















O Romantismo entra na Literatura portuguesa com a publicação dos poemas Camões (1825) e D. Branca (1826) de Almeida Garrett. O ambiente político (lutas entre liberais e absolutistas), o exílio deste, o seu temperamento, a época em que viveu, transformam o árcade que durante muito tempo se afirmou em Catão, na Lírica de João Mínimo, no Retrato de Vénus, quanto ao seu conteúdo, e nos poemas Camões e D. Branca, na linguagem, no grande romântico das Folhas Caídas e no grande pioneiro de uma linguagem coloquial, moderna, de Viagens na Minha Terra.

Elementos do Drama Romântico



Modalidade do drama, que, como tal, privilegia a dinâmica do conflito, o drama romântico veicula conflitos emocionais, muitas vezes em situação do quotidiano.
 No romantismo, em geral, despreocupado com uma expressão realista do mundo, opunha num conflito o herói e o vilão, embora a temática se tecesse sempre em volta de acontecimentos de cariz sentimental e amoroso.
Garrett, recorrendo a muitos elementos da tragédia clássica, constrói um drama romântico, definido pela valorização dos sentimentos humanos das personagens; pela tentativa de racionalmente negar a crença no destino, mas psicologicamente deixar-se afectar por pressentimentos e acreditar no sebastianismo;
Pelo uso da prosa em substituição do verso e pela utilização de uma linguagem mais próxima da realidade vivida pelas personagens (diferente do tom solene da tragédia clássica); sem preocupações excessivas com algumas regras, como a presença do coro ou a obediência perfeita à lei das três unidades (acção, tempo e espaço).